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Edson Gallo | Escritor f112j

Meninos, eu vi!

Não era um espetáculo sobre teatro. Era sobre o que resta. Sobre o que se perde. Sobre o que se tenta — em vão — guardar com as mãos frágeis da memória.

Vi Um Minuto Pra Dizer que Te Amo em Bayeux, e confesso: fui sem expectativa. Esperava mais um drama sentimentalista, desses que tentam arrancar lágrimas como quem torce pano molhado. O que vi, no entanto, foi outra coisa. Uma coisa rara. Uma coisa necessária.

Dois atores no palco. Um filho. Um pai que começa a esquecer. A narrativa é simples, quase cotidiana. Não há grandiloquência, não há gritos, não há efeitos. Mas há verdade — e isso, em cena, é sempre o que mais falta. Há silêncios que dizem. Há gestos que doem. Há um tempo que escorre sem pressa, como escorrem os últimos dias de lucidez.

O Alzheimer não é o protagonista. O amor, tampouco. O que domina é o intervalo entre um e outro: o instante em que se percebe que o tempo que resta talvez não seja suficiente. E então, o que fazer? Esperar o apagamento? Ou tentar, com a urgência de quem não sabe o dia de amanhã, dizer o que nunca foi dito?

Sete prêmios no Festival de Bayeux. Um corpo de jurados em lágrimas. Uma plateia inteira calada, como quem, de repente, foi arrancado da zona de conforto e devolvido à lembrança de um pai que também se ausentou — talvez não pela doença, mas pela ausência comum dos homens que amamos tarde demais.

O espetáculo não termina quando as luzes se apagam. Ele continua nos corredores, no carro, na volta pra casa. Na ligação que não se fez. No “eu te amo” que se adiou. É como se nos dissesse, sem moralismo e sem didatismo: o tempo é um sopro. E há palavras que precisam ser ditas antes que o outro — ou você — se esqueça.

Saí em silêncio. Carregava comigo um nó — desses que não se desfazem com choro, mas com lembrança. Ou com arrependimento.

“Um Minuto Pra Dizer que Te Amo” não é teatro apenas. É espelho. É aviso. É uma crônica viva sobre o que deixamos escapar por covardia, por orgulho, por pressa. E como bem sabemos — embora não gostemos de itir — o amor também morre de esquecimento.

SOBRE O AUTOR

Edson Gallo é escritor, membro da Academia de Letras de Araguaína e Norte do Tocantins (Acalanto) e secretário municipal de Cultura de Araguaína.

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