Notícias do Tocantins - Em meio ao colorido das festas juninas em Palmas (TO), uma vitrine inusitada chama a atenção: cocadas, doces de abóbora e biscoitinhos confeitados — não para humanos, mas para cães e gatos. 5e6r8
Atrás do balcão está Risiane Rodrigues Pereira, zootecnista e fundadora da Naturalle Pet, um pequeno negócio que aposta em petiscos naturais e saudáveis para conquistar o mercado pet.
O que começou com uma paixão por animais e uma inquietação com a alimentação oferecida a eles se transformou em um microempreendimento com propósito. “Sempre vi os tutores tendo a necessidade de dar a comida que eles comem”, conta Risiane, lembrando como a ideia surgiu da observação cotidiana.
Um nicho promissor no coração do Brasil
De acordo com o Instituto Pet Brasil, o segmento de alimentação natural para pets cresce cerca de 20% ao ano no país. Em paralelo, o Sebrae aponta que mais de 62 mil mulheres estão à frente de negócios no Tocantins. A trajetória de Risiane se encaixa na interseção dessas duas tendências: o empreendedorismo feminino e o consumo consciente.
Formada em zootecnia, Risiane aliou o conhecimento técnico ao espírito empreendedor. Em junho de 2024, criou a Naturalle Pet com uma edição especial de petiscos juninos — bolinhos, paçoca e “docinhos” adaptados para cães e gatos. Um ano depois, ela repete o tema com novidades como cocada e doce de abóbora. “A gente tem que repetir o que gostaram do ano ado. Aí esse ano estou inovando com a cocada, o doce de abóbora e as outras coisas mais confeitadas mesmo, que são os docinhos e os biscoitos”, explica.
Tudo é feito com ingredientes naturais, sem adição de corantes ou conservantes. Farinha de arroz, iogurte natural, frango, cúrcuma, beterraba e abóbora compõem a base da produção, cuidadosamente desenvolvida para garantir sabor, nutrição e segurança. Temperos como orégano, tomilho e uma pitada de sal são utilizados com cautela — e ingredientes como cebola e alho, prejudiciais à saúde dos animais, são completamente evitados.
Conscientização e cuidado
Um dos principais pilares do negócio é a educação sobre alimentação saudável para pets. Risiane se dedica a explicar os impactos de alimentos industrializados ou inadequados no bem-estar dos animais. “Se a gente continuar dando bolacha, pão, bolo, açúcares, trigo, esse tipo de comida que faz mal para o animal, diminui o tempo de vida dele”, alerta.
Segundo ela, muitos tutores ainda desconhecem os benefícios da alimentação natural. O contato direto com os clientes se torna, assim, um espaço importante de diálogo, troca de informações e construção de confiança.
A formação em zootecnia também contribui para reforçar a credibilidade da marca. “A gente faz um trabalho muito sério, porque entende o que pode e o que não pode para os bichos. Tudo que coloco no petisco tem um porquê”, afirma.
Perspectivas e próximos os
No médio e longo prazo, Risiane pretende ampliar sua atuação para além dos petiscos e desenvolver refeições completas voltadas à alimentação natural (AN), uma tendência em crescimento no setor pet. A ideia é oferecer opções equilibradas, seguras e práticas para tutores que desejam cuidar da saúde dos seus animais com mais responsabilidade.
A produção ainda é toda artesanal, mas Risiane vislumbra possibilidades de expansão à medida que o negócio se consolida. O momento é de fortalecer a base local e testar novos formatos, mantendo o compromisso com a qualidade, o bem-estar animal e o cuidado em cada receita.
Empreendedorismo que transforma
A história da Naturalle Pet revela como mulheres empreendedoras no Tocantins têm ocupado espaços estratégicos na economia, muitas vezes conectando saber técnico, intuição e compromisso com causas maiores — como a saúde, o cuidado e a sustentabilidade.
Luciana Retes, analista do Sebrae, destaca o impacto transformador das iniciativas lideradas por mulheres. “O Sebrae tem o propósito de apoiar no fortalecimento da autoconfiança da mulher, por meio do o ao conhecimento, oferecendo as ferramentas necessárias para aquelas que querem empreender ou integrar o mercado de trabalho”, afirma.
A analista também ressalta o papel de instituições de apoio no fortalecimento do ecossistema empreendedor. “Ao investir no desenvolvimento das mulheres, o Sebrae contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva e participativa, ajudando a fortalecer o Tocantins e fomentar o protagonismo de diversas donas do próprio negócio”, afirmou.
Enquanto o Brasil se prepara para sediar a COP-30, negócios como o de Risiane mostram que a inovação e o impacto ambiental positivo também podem nascer em pequena escala. Com farinha de arroz, amor aos animais e visão de futuro, a zootecnista transforma um afeto cotidiano em algo muito maior: uma proposta de bem-estar que começa no prato — ou no potinho — dos nossos melhores amigos.